Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sobre tamanhos e documentos


Registro minha impossibilidade de postar as prometidas Histórias de Quinta: é que já passou mais de um mês de ocorridas as coisas e eu também não vou derramar sobre a mesa as chaves da porta do armário de quem saiu do armário bem antes de eu entrar no restaurante da longínqua cidade de que muito ainda se irá ouvir falar.
Vamos às trivialidades (para alguns, RIVOTRIVIALIDADES - ah, eu odeio esse remédio. Poxa, se eu pudesse, faria campanha contra essas drogas que não curam nada!não tem uma casa de amiga minha que não tenha esse monstruoso remédio...).
Depois de me internar na frente do computador que, na verdade representa me internar na frente das minhas obrigações,resolvi sair no final da tarde de ontem - tarde na realidade e noite de acordo com o horário inconveniente de verão.
Aí, nem bem andei uns quinhentos metros da minha casa, fiquei desconfiada de que estou virando uma pessoa sem noção. Onde já se viu ver graça na vida, apesar dos problemas? se eu não morasse sozinha,iria desconfiar que colocaram cogumelos alucionógenos na minha salada, mas , enfim, ao invés de ir à academia, resolvi fazer uma caminhada pela pista de cooper da avenida. E eu não sei o que deu em mim: dobrei o terceiro quarteirão e me esbarrei nas barraquinhas de flores,ainda relativamente perto de minha casa, me sentindo deslumbrada pelos bons odores das rosas, das plantas em geral...e achei lindo o por-de-sol, achei gostoso poder andar por ali, como se eu nunca houvesse passado por ali.
Ora, a paisagem é a mesma, minha paisagem interior está decorada por problemas, mas ainda assim estava tudo bonito mesmo.
E como minha vida é tragicômica, como cabe a uma louquética, quando eu dobrava uma rua mais calma, um motociclista me disse umas gracinhas. O sinal fechou e eu passei bem perto dele, menos por flerte do que por força das circunstâncias: fofinho, gracinha e , infelizmente, baixinho.
Oh, meu Deus, como eu tenho problema com tamanho.
Tamanho é um problema: seja de estatura, seja de..., bom de... de qualquer coisa aí.
Abraçar um homem baixinho é quase um exercício de pedofilia: juro, parece que a gente está pegando uma criança. Deus me livre!!!
Tantos rapazes bonitos, mas baixinhos...aí, as opções que já não são muitas, tornam-se ainda menores.
Uma vez eu fui dançar com um baixinho, isso nem tem muito tempo. As meninas ficaram dando pilha, inferindo que eu sou metida a besta, que só gosto de mauricinhos, que eu excluo, que eu elimino os candidatos e etc., e eu resolvi flexibilizar.
Lembrai-vos que eu não sei dançar a dois. E dançar a dois com um baixinho é um espetáculo de horror: Meu joelho ficou bem no nível do "equipamento" do rapaz. Logo, se eu descuidasse do passo, iria acertar em cheio os testículos do sujeito e, deste modo, lembrei de Ney Matogrosso cantando: "Suas pernas vão me enroscar/num balé esquisito..."
Todo santo dia eu me revolto com quem inventou que tamanho não é documento. Com certeza, isso partiu de um hipócrita. E ainda tem quem acredite nisso. E, olha, estar na horizontal não resolve o problema, isso é conversa de cachaceiro. E tudo bem, não sou alta, mas pelo menos não sou baixinha, passo de 1,63m e ainda uso salto que me deixa na casa de 1,70. E se eu fosse minúscula, aí, talvez, pegar um cara de seus 1,55 ou 1,60 fosse meu ideal. Mas, nas atuais circunstâncias, nem dou bom dia aos homens baixinhos.
Mas, à parte tais problemas com tamanhos e estaturas, adorei a caminhada e a corrida de ontem, voltei revitalizada e relaxada.
Eu poderia dizer que a noite foi de todo, ótima, exceto pela descoberta recente de que odeio dormir acompanhada. A unica coisa de que comecei a discordar de A insustentável leveza do ser é a idéia do sono compartilhado.
Já não sou muito de ficantes em minha casa e de dormir acompanhada, pior ainda. Assumo a minha chatice.
Notei, também, que é gostoso dormir onde dá sono e quero tentar ser menos ortodoxa para dormir. Logo, se eu adormecer no sofá ou no tapete, não quero criar os protocolos de me preocupar em ir para a cama. Mas sou metódica, levanto e vou para a cama, arriscando perder o sono. Onde já se viu? a gente procura um lugar certo para dormir, um modo certo para coisas e tudo não passa de etiqueta e convenção.
Falando em etiqueta e convenção, o meu ficante não se tocou da hora de ir embora. Olha, quase dez da manhã, eu tendo o que fazer, o que escrever e já no limite da minha misantropia...
Desesperada, recorri à coisa mais fora da lógica que eu conheço, mas que, por força das crenças arraigadas na minha cabeça se tornaram o meu recurso: fui até à cozinha e coloquei a vassoura de cabeça para baixo. Via a minha tia fazendo isso para espantar as visitas indesejadas. Bom, em dez minutos o meu ficante foi embora. Ah, eu acredito em vassouras de cabeça para baixo (kkk!!!).
Não sei onde vou pegar o meu Certificado de Chatice, mas sei que vou ganhar, também, um Comprovante de Impaciência, devidamente carimbado e reconhecido. Enfim, pelo menos em meu caso, será a junção das questões do tamanho à dos documentos.
P.S.: Imagem meramente ilustrativa deste post, sem alusões maldosas sobre o pinto que se encontra ao lado da régua.

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