Louquética

Incontinência verbal

domingo, 16 de outubro de 2011

O sonho de uma noite sem verão


Assim como dizem que "uma andorinha só não faz verão", também um horário de verão não pode ser feito sem sol...e sem verão, porque afinal estamos na primavera. Adoro essas incoerências só para poder dizer que eu odeio horário de verão.
Tendo passado por um prévio plebiscito, em que o povo nordestino votou contra a instituição do horário de verão, resolveram incluir justamente a Bahia neste rol de condenados. Ah, só para não perder esta segunda oportunidade de declarar, declaro que eu odeio horário de verão.
Ontem eu não saí.
Eu poderia ter aproveitado a minha noite de sábado e ter ido à festa de comemoração do Dia do Professor, fazer meu lobby e tudo mais...mas eu não quis. De novo estou aqui, atolada na tese, catando detalhes, substituindo termos, constatando repetições e lapsos semânticos.
Aconteceu de além de eu não ter saído ontem, ter planejado ir dar uma voltinha na Marina, hoje, de manhã,para desafiar a dermatologista e ganhar uma marquinha de biquíne e umas manchas na cara.
Aí, quando eu já estava de saco cheio de refazer períodos e orações (se eu bem soubesse, faria outras orações, mas para São jorge, e não orações textuais), vi um pedaço de um episódio de House, dei um tempinho e lá fui eu, reler As palavras e as coisas, de Foucault.
Numa tese há tanta coisa que a gente pensa que disse, mas não disse; tanta explicação que pensa que deu, mas não deu...tantas faltas...e olha que eu só estou na metade.
Aí o tempo passa e com o bendito horário de verão, acabei dormindo perto das três da manhã.
Ao acordar, parecia que eu estava em outro mundo, porque na televisão a hora já era de almoço e lá fora, nada de sol...excepcionalmente hoje, quando eu não estou caindo de sono por causa da noite anterior, os crentes evangélicos da igreja que fica nos fundos de minha casa resolveram silenciar.
Nem posso dizer que não há nada de novo embaixo do sol, porque sol é coisa rara por aqui o tempo inteiro...e essa chateação vai durar até depois do carnaval - claro, carnaval chuvoso, ano novo chuvoso, e só nuns poucos dias de janeiro é que há sol.
Estávamos planejando, ontem, nossos poucos dias de sol provável - eu e minhas amigas.
Se me descabelo com afazeres acadêmicos agora é porque vou dar um tempo, pôr em suspenso essas tarefas por uns 20 dias, pelo menos. É o máximo que eu posso fazer.
Meu natal é quieto, em casa - não gosto de badalações natalinas, odeio confraternizações de gente falsa, troca de presentes com gente que ignoro, esses babados todos.Faço a ceia na minha casa, para poucos e, preferencialmente, para quase ninguém. Só saio no reveillon.
Mas, antes e depois disso,pelo menos ficar de bobeira na Praia do Forte e na Reserva da Sapiranga por uns 05 dias,dando uma esticadinha de mais 05 dias em Guarajuba, ah, isso eu faço.
O horário de verão me põe a pensar no verão, que não existe e nem vem, mas que é bem vindo - tempos de ar condicionado e banhos frios repetidos; tempo de reclamação na casa de praia alugada com os amigos, porque sempre falta água e porque tem gente que entra em casa com a sandália cheia de areia;tempo de aguentar músicas de procedência duvidosa e de conteúdo questionáve, tempo de uns contatos fortuitos e breves, tempo de sono irregular e de fazer abstração dos problemas...mas, por enquanto, o tempo está fechado.

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