Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Coisas bem gostosas


Tive bons sonhos e isso me ajudou a ter um bom dia, talvez mais otimista, porque quando a gente começa a se sentir feliz de graça é porque está enxergando graça na vida.
Aí fiquei feliz por uma grande realização. Eu disse grande, não grandiosa, porque , afinal, não tem nada de extraordinário nisso: finalmente eu consegui fazer um risoto.
Não foi um arroz empapado, sem graça, foi um grande risoto, com especiarias boas, com a escolha do parmesão adequado, com o cuidado do creme de leite certo e com a escolha minuciosa de tudo.
Além disso, falei com o meu amigo Júlio e conversei com os meus próprios preconceitos internalizados e, para arrematar o efeito do bom sonho, a pessoa dos meus sonhos escreveu para mim.
E como há dias iluminados, estou feliz com todos os meus poros, com todos os meus sentidos, comigo mesma.
Fiquei como Zeca Baleiro em Telegrama. E como os meus dois ex-namorados estivessem no MSN, fui cortês, cordial e amiga, de forma que fiquei bem comigo mesma - sei que pode parecer a eles que a naturalidade em minhas respostas fosse típica da indiferença total, mas não era não. Há dias de reconciliar, no sentido de seguir em frente e não ficar machucando os calos dos passado, porque se há marcas de hematomas, a verdade é que devemos ver que acabou e tratar das cicatrizes.
Mas, voltando ao meu risoto, da maneira mais exibicionista do mundo, se eu pudesse teria chamado os meus amigos aqui em casa, porque se há algo em que sou convencida é nos pratos que sei fazer.
Esse eu não sabia. Por saber que eu não sabia, nunca havia feito até hoje.
Tudo partiu d euma inveja gastronômica:fui numa destas quinta-feiras jantar com Tella no Rizzo do Ville Gourmet.
O risoto de parmesão chegava a ser erótico e imoral, de tão gostoso.
Pensei: eu nunca faria um desses.
A conta foi astronômica - não fosse assim e eu teria ido lá, como um viciado qualquer.
Não gosto de comer a comida que eu faço e também não é todo dia que quero cozinhar, por isso almoço fora.
Esse não gostar de comer é que quando eu cozinho eu gosto de partilhar - deve fazer parte do meu exibicionismo culinário, porque sei que faço o melhor pudim de leite e o melhor feijão deste nosso Continente. Daí que o elogio deve vir de sobremesa.
Mas hoje eu estava a fim de um risoto daquele e aí pus o bloco na rua, o arroz na panela a cozinhar e parti para a internet em busca de receitas.
Não vi nada de acordo com o que eu procurava, mas vi o que deveria fazer para que ele saísse bom. Apostei e venci: comi a panela inteira de risoto, feliz da vida, desafiando os efeitos calóricos do prazer gastronômico.
E uma coisa eu aprendi com uma amiga minha que admirava minha louça:comida precisa de enfeite, porque a beleza, além do cheiro, aumenta o apetite.
Essa amiga dizia que minha louça parecia de casa de boneca e que jamais deixaria de usar aquelas guarnições, se fosse ela, porque comer no prato certo, com a louça bonita torna tudo mais gostoso.
De fato, hoje eu penso que minha louça parece lá daquele chá da Alice no País das maravilhas, na versão da Disney. E com ela eu tomei muito chá e um certo café da tarde, que era servido às 17 horas, por mim, quando trabalhávamos num mesmo lugar e ganhávamos uma nota preta que gastávamos inconsequentemente em coisas supérfluas, sem pensar no amanhã.
Será que tem disso, de riso e de risoto? onde uma coisa gerou a outra? deixa para lá.

Zeca Baleiro - Telegrama

Eu tava triste,tristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela.
Eu tava só,
Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano,
Que um canastrão
Na hora que cai o pano.
Tava mais bobo
Que banda de rock,
Que um palhaço
Do circo Vostok...
Mas ontem
Eu recebi um Telegrama:
Era você de Aracaju
Ou do Alabama,
Dizendo,
Nêgo, sinta-se feliz
Porque no mundo
Tem alguém que diz:
Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito muito te ama,
que tanto te ama!...
Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado,
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia,
De beijar o português
Da padaria...
Mama, Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu,
Quero ser seu,
Quero ser seu,
Quero ser seu papa!...
Eu tava triste,tristinho!
Mais sem graça
Que a top-model magrela
Na passarela.
Eu tava só,
Sozinho!
Mais solitário
Que um paulistano
Que um vilão
De filme mexicano
Tava mais bobo
Que banda de rock,
E um palhaço
Do circo Vostok...
Mas ontem
Eu recebi um Telegrama
Era você de Aracaju
Ou do Alabama,
Dizendo:
Nego, sinta-se feliz
Porque no mundo
Tem alguém que diz:
Que muito te ama!
Que tanto te ama!
Que muito te ama!
Que tanto, tanto te ama!...
Por isso hoje eu acordei
Com uma vontade danada
De mandar flores ao delegado,
De bater na porta do vizinho
E desejar bom dia,
De beijar o português
Da padaria...
Me dê a mão, vamos sair
Prá ver o sol!
Mama! Oh Mama! Oh Mama!
Quero ser seu,
Quero ser seu,
Quero ser seu,
Quero ser seu papa!...

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