Louquética

Incontinência verbal

domingo, 12 de junho de 2011

De certos amores


Foi tão bom abraçá-lo de novo, calmamente, pausadamente e ao mesmo tempo com o desespero dos desejos.
E o beijo, claro, foi o melhor do mundo.
E tudo que não será dito aqui, foi esplêndido, como sempre foi em outros tempos, até quando um Continente separou a gente e a saudade se transformou num tempero ímpar para o reencontro. Nunca houve distância entre nós além do meu orgulho.
Tanta coisa para falar, para perguntar, para entender, para resolver, para pensar, para combinar, para esclarecer... Ah, era tanta coisa que ficamos mudos!
E foi tão engraçado, quando ele foi embora, já às três da manhã, e eu notei que em cima da cama havia ficado o livro de Freud: “O futuro de uma ilusão”... Coincidência ou profecia, pouco me importa – a vida é bem melhor com ele.

Se amavam
Com a sede dos marujos,
Lavando os olhos sujos
De mar e de embarcações.
Se devoravam com a fome dos presídios,
Com a festa dos sentidos
Guardados em seus porões.
Um amor cheio de gula,
Desvairado e febril
Como a gente nunca viu.
Um amor cheio de fúria,
Tão selvagem que por mim
Condenado não ter fim...
Se adoravam
Mas tanto, tanto, tanto
Que eu já não me espanto
De um dia te amar assim.

(Ivan Lins - Sede dos Marujos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário