Louquética
Incontinência verbal
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Sem o menor pudor
Eu já tive tantos pudores com dinheiro. Não era o pudor de aceitar dinheiro dos outros, esse eu tenho até hoje, era o pudor de ganhar muito dinheiro. Eu achava esquisito, desconfortável, ficava pensando no que eu faria com tanto dinheiro quando, por ventura, pintava a oportunidade de levantar uma grana alta, porque remuneração de professor é mesmo uma porcaria, mas há raras oportunidades em que o pró-reitor ou o diretor fazem propostas maravilhosas, seja de aulas numa Pós-graduação, seja na correção de redação de vestibulares, em que você levanta o salário de um mês em 04 a 06 dias trabalhados.
Mas, então, não sou de guardar dinheiro em detrimento de realizar desejos. Eu já disse e repito: aprendi com João que dinheiro é para fazer a gente feliz e para fazer feliz quem a gente ama. E de pão-duro eu não tenho nada.
Por outro lado, acho que todo mundo sempre pensa, neuroticamente, que um dia a casa cai. E a casa cair significa o inesperado que, contraditoriamente, já é esperado: um acidente, uma doença, uma miséria qualquer; e a gente tem de onde retirar a grana. Concordo plenamente que temos que ter reservas. E acho que grana a gente junta para realizar sonhos – dinheiro entocado não serve para nada, a menos que a pessoa queira morrer milionário. Eu não quero morrer milionária. Eu quero viver milionária - o problema é que não tenho um milhão, nem serei Bigbrother.
O Governo do Estado da Bahia picotou, cortou e passou no processador o meu salário. No momento, não tenho renda nem nas minhas lingeries. Então, lá vou, meu Deus, pipocar minhas migalhinhas bancárias reservadas para as minhas previsíveis misérias financeiras!
Como eu não sei poupar, meto os meus parcos centavinhos em aplicações medíocres, arriscadas e que geram prejuízo caso eu retire a grana antes do prazo – olha aí vocês que pensam que tirando antes resolvem qualquer coisa. Não, gente, isso se aplica a gravidez, né?
E haja blablablablablá para explicar que o dinheiro é meu e eu preciso dele antes do que eu imaginava precisar. Perda de mais de 26% do que eu apliquei e cinco dias úteis para eu ver a cor do dinheiro. E como eu preciso! Poxa!!!
Raspei minha conta, estou mais lisa do que bumbum de bebê e minhas contas me vencem: era tudo que eu não precisava no meu momento de escrita desses intermináveis dois capítulos tautologicamente escritos.
E depois, como será recomeçar minhas economias do zero – é quase isso: tenho três reais na poupança e um real na conta corrente; não tenho nenhum investimento, nenhum mais. Nessas horas é que eu penso que negócio rentável no Brasil é só empresa de consultoria, que dá lucros milagrosos. E esses ministros aí, dono das empresas, não têm o menor pudor com dinheiro.
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