Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Caos do acaso


Quando o acaso resolve não me favorecer, o que graças a Deus é raro, saí de baixo que o desfecho será tragicômico. Assim é que neste último sábado, por contingências aleatórias, deixei de pegar o ônibus executivo para Salvador e por isso peguei um convencional dez minutos depois.
Com tanto lugar no mundo, com tanta gente no mundo, com tantos rios, oceanos, rotas, montanhas, cercanias, vilarejos e opções infinitas de possibilidades, após sairmos da rodoviária o ser humano que eu namorei e com quem eu iniciei minha vida sexual inventou de entrar no ônibus, me viu no ônibus e se sentou ao meu lado – isso, como bem lembrado por ele, após uns 15 a 17 anos desde o fim de nosso contato.
Não citei o fator sexual à toa: o idiota ficou jogando a conversa, a todo momento, para o assunto. E assim foi que fiquei aturando insinuações sobre o meu hímem por cerca de uma hora e propostas de reencontros, por cem quilômetros, ao longo da BR 324.
Não vi graça na minha primeira vez – nem na segunda e nas demais com ele – Por isso não gosto de lembrar.
Até acreditei que o contato fosse por amizade, até começarem as lenga-lengas do clássico e banal “ a primeira vez a gente nunca esquece!” e eu retruquei, sem a menor preocupação com etiqueta: “Infelizmente! Mas é frustrante, horrível...”
Julgo que ele achou que eu apenas estivesse com vergonha dele ou incomodada por aqueles olhos, agora estranhos aos meus afetos, subindo pelos meus joelhos, detendo-se na minha boca, examinando curvas e insinuações no meu vestido.
Como coincidência é coisa que abunda em minha vida, à noite, quando eu fui à Boate Zen com meu amigo João, a primeira música que a banda Mil Milhas tocou foi It’s a mistake, do Men at work. E ponha mistake nisso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário