Louquética

Incontinência verbal

domingo, 22 de maio de 2011

Apocalipse now


Enquanto uns estão decepcionados porque o mundo não se acabou, outros estão aqui para transformar o mundo no inferno. E aliás, quem tem medo do inferno depois de viver num planeta como o nosso?
Só acho engraçado esse discursos apocalípticos e finalistas porque parece que o povo pensa que Deus criou os seres humanos, se arrependeu, destruiu com fogo; deixou outra geração, destruiu com água e assim segue a humanidade sem dar certo até hoje...Ora, pois, para mim isso não faz o menor sentido. E como eu não estou nem aí para a Eternidade, se é que ela existe, estou é preocupada com o presente, que é de arrepiar.
O mundo não acabou, conforme podemos verificar, mas, verdade seja dita,vivemos em meio a tantas atrocidades que isso só pode ser o fim dos tempos!
Apenas num noticiário de 50 minutos, transmitido pela Globonews, num desses dias da semana que passou, ouvi que uma avó, numa cidade do Rio Grande do Sul, permitia e facilitava o abuso sexual de sua neta (desde os cinco anos da criança até os seus nove anos atuais). E quem abusava? o padrasto, o padrinho e dois tios.
É, quem quiser que pense que pode sempre contar com a família!
Neste mesmo noticiário eu havia ouvido sobre aqueles dois seres humanos maravilhosos e inocentes de 15 anos, um dos quais matou a namorada e a amiga desta namorada, de 13 anos.
Observe-se, porém, que o assassino, digo, o adolescente,presumia a gravidez desta sua namorada de 13 anos. Então, as crianças de treze anos já estão na vida sexual ativamente barbarizando!e os de 15 anos contruindo uma sólida carreira no crime hediondo, do qual, naturalmente, sairão ilesos e sem responsabilização legal pelo crime cometido que, então, será tomado como uma infração, coitadinhos dos menores!
Astúcia para assassinar e habilidade para seduzir sexualmente, esse anjinhos têm, mas não podem responder pelos seus atos.
E quanto ao assassinato do estudante de Economia da USP, o que me choca são as velhas pessoas de sempre comentando que se o sujeito que foi vítima de latrocínio fosse um João-Ninguém, a mídia não faria alarde. Piedade que é bom, zero!
Diante de notícias tão chocantes, o que se nota hoje em dia é que a noção de vítima já não é mesma. E aí é tomar cuidado com as loiras de dezoito anos que entram em sua vida, viu?
Por outro lado, as campanhas de beatificação mostram que os bons já estão mortos, meu caro. Quem precisa pensar em fim do mundo com um mundo como este?
Vamos à vida real e imediata: puseram na minha porta (no portão, né?), ontem, um cachorro todo ensaguentado.
Em princípio eu achei que houvesse sido atropelamento, mas vi que ele ainda estava vivo e fiz o possível para me aproximar, colocá-lo para dentro e dar o devido socorro - isso com todo o medo de receber mordidas, claro.
O pescoço do cachorro, que depois vi se tratar de uma cadela, estava todo ferido, grave e profundamente, em toda a circunferência, como se alguém tivesse colocado um fio para enforcamento sob a forma de uma coleira.
Após obter ajuda de quem também defende os bichos, que neste caso não foi a sempre presente Raquel, mas Ninno, fizemos um curativo e alimentamos a pobrezinha da cadela.
Pelo nosso laudo há duas suspeitas principais no andamento do crime: a primeira foi que foi usado um arame para enforcamento mesmo, já que a profundidade dos ferimentos revelava força e peso na tração do arame; a segunda é que algum idiota, como os muitos que conhecemos, inventou de amarrar o cachorro com arame e acelerar na bicicleta ou na moto, para ver o que aconteceria.
E aí, diante das misérias mais distantes e das crueldades mais próximas, podemos ou não conceber que o ser humano é um ser para o mal?
Todos os dias nós temos escolhas, mas a tentação de fazer mal ao outro é sempre maior, é a inclinação coletiva da humanidade.
No mínimo, escolhemos a omissão - e é para isso que criamos o super-herói, porque ele faz a Justiça, ele defende os fracos e os oprimidos que, na vida real, a gente ajuda a chutar. Pena que eles não existem!
Olha que em torno do ano 2000 a senhora Adriana Calcanhoto já estava cantando isso aqui (E o mundo não se acabou):

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...
E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...
Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...
Beijei a boca
De quem não devia,
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...
Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...
E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...
Chamei um gajo
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele
Mais de quinhentão...
Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...

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