Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 24 de maio de 2011

Conselhos


Falam muito mal dos conselhos, por aí. Fontes questionáveis chegaram a afirmar recentemente que conselho é arriscado para quem dá e para quem ouve - e, aliás, a máxima dos conselhos é que se fosse bom ninguém dava, vendia; além da sentença de que conselho só se dá a quem pede.
Não levo a mal os conselhos.
Acho que por ter convivido por muito tempo com certas feras sob pele inocente e inofensiva, aprendi que o que a gente deve avaliar, diante de um conselho não solicitado, é a qualidade da fonte. Se o conselho parte de gente do bem, que torce por nós, que tem intenções boas,que tem intimidade suficiente para isso, vale a pena ouvir o conselho.
De cara me falaram que minha vida não seria mais a mesma depois do resultado daquela batalha travada no começo de abril deste ano. Portanto, me disseram: "Não pense que as pessoas não sabem quem você é, não. Apenas tome cuidado, focalize o seu objetivo e saiba que haverá sempre um par de olhos na sua vida".
Isso aí representa que minha privacidade foi embora e disso eu me dou conta: desde o súbito acesso ao meu curriculo lattes, passando pelo proprio acesso à minha dissertação lá no Domínio Público, tudo tem mudado.
O problema é que assuntos ligados à vida acadêmica e profissional sempre excedem os limites normais das observações: deste modo, meu orkut continuará a ser vasculhado indiscriminadamente, porque sabemos o que pode ser feito com informações pessoais.
Até a brincadeira do meu amigo fez sentido, pelo contexto: "nada de sumir pelos matos da UFBA em amassos indecentes!"
Pois é, aquilo lá tira a espontaneidade da gente...
Quem quiser que pense que as pessoas sabem separar o pessoal do profissional. Não é assim: são os olhos dos colegas, dos alunos, dos funcionários, dos desocupados em geral, a vigiar a nossa vida, a inventar respostas para aquilo que é dúvida, a fazer certeza as mentiras que bem convém aos inimigos, enfim, coisas que eu já sei.
E se hoje eu pudesse dar um conselho a alguém, daria o mesmo que um dia eu recebi, tarde demais: não leve a vida pessoal para o trabalho e não permita que o trabalho exceda sua vida pessoal, sabendo que não há amigos no trabalho, só colegas.
Algumas amizades antecedem o trabalho, outras podem começar por lá, mas não se desenvolver com naturalidade lá.
Morar com o trabalho é a pior arma contra a saúde do trabalho e das amizades - casas separadas já!
Relações interpessoais boas são sempre bem vindas, mas não mais que isso: trabalho não é confessionário.
Outrossim, aquela carinha que a gente faz diante da simpatia sorridente dos puxa-saco atenta contra nós, portanto, outro conselho que eu dou: não vá às confraternizações!mas se resolver ir, tome um anti-ácido antes e dois depois.
Entendi agora minha amiga loira poderosa recém-casada: mudou seu perfil no blog , mudou seu próprio nome,forçou anonimatos e hoje o marido dela é apenas uma sigla naquilo que ela conta, porque desde sempre ele visitou a página e sendo quem ele é, um empresário mega-importante e conhecido na Bahia, uma hora alguém confunde as coisas.
Moro só porque eu gosto de privacidade e não suporto escrever com gente olhando por cima dos meus ombros. Sendo sincera,não suporto dar satisfações, explicações ou me privar de fazer o que eu quero por causa de olhos alheios.
Num casamento, assim como em qualquer união, porque podemos considerar que o trabalho é uma união de seres competitivos e fisicamente próximos embora afastadíssimos em seus propósitos,a privacidade é o item que primeiro é riscado da lista dos direitos.
E essa minha paciência, tão pequenininha, tão insuficiente para as demandas da vida prática, ah, essa minha pouca paciência sempre me deixando no limite de arranjar uma boa briga!
Na minha idade as pessoas já estão separadas ( pelo clássico, casam-se entre os 19 e os 25 anos e se separam um pouco depois dos 30, 35 anos), reclamando do tempo perdido e partindo para outra, preocupadas com o recomeço... Mas aí eu não dou conselho a ninguém, não me caberia. Minhas decisões são minhas, não são exemplos.
Inclusive, há pouco, num raro jantar, ouvi a sentença de sempre: "Mara, você é muito exigente!" - traduzindo, minhas amigas disseram que eu sou uma chata cheia de chiliques.
Contrariando alguns conselhos, dos quais aqueles de que eu deveria acatar as insinuações de uns caras ou estabelecer contato com outros arrependidos, deixo bem claro que eu quero apenas quem desperte em mim o desejo de querer estar com consigo.
Consumi uns 06 anos de análise para concluir que é melhor nenhum sexo a ter um sexo ruim; percebi que o melhor abraço do mundo é aquele dado com desejo; entendi que há uma força maravilhosa entre as pessoas que se desejam e que o desejo é o meu maior combustível; vi que quando alguém nos corresponde toma as providências para tornar real o que é apenas desejo.
Depois disso tudo, como é que dá para prescindir daquilo que eu quero verdadeiramente? é perda de tempo. E se elas, minhas amigas estão com pena ou acham os caras lá interessantes, bom proveito! peguem para si!
E, sim, sexo é importante num relacionamento.
[Se tiver parada dos remanescentes heterossexuais, eu estarei lá, amigas!Nós, as poucos mulheres e os poucos homens que ainda gostam de sexo com as pessoas do sexo oposto vamos tentar encontrar os nossos pares quase em extinção!]
No mais, ouvir um conselho é ouvir uma opinião, é ter mais uma opção para pensar alguma questão, é contar com um auxílio.
Mas dos conselhos que recebo eu só vejo que eu me encanto com algumas coisas, mas não me iludo: sei que se eu entrar para o clube, a" investigação social" vai ser constante - mas a prévia já está em andamento.

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