Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Retrô


Acho que a Rede Globo não exibe o seu "Vale a pena ver de novo" à toa, apenas para preencher lacunas na programação: há um público saudoso por certas produções, por recordações de um tempo,por suas próprias recordações que se cruzam com as novelas, com um tempo televisivo que se ajusta às suas memórias.
Em minha infância eu ouvia muito, de manhã, a musiquinha do comercial de Cremogema e desde aquela época eu já percebia que estudar de manhã não era para mim!
Aí num desses tempos em que andei varejando na Faculdade 02 de julho, num dia concomitante a um debate meu sobre filme e um evento lá, vi alguma coisa sobre "A televisão e a invenção da infância" ou um nome assim, similar, que dava a entender que os "ilariês" de minha infância perfaziam um certo caminho na composição de minha identidade ou em meu modo de ver a vida - estou falando em referência a mim, mas obviamente a referência ali é todo mundo.
Seja um jargão de personagem de novela, seja o lado mercadológico ou a moda ditada pelos programas, seja lá o que for, televisão é um negócio que pega e, pobre de mim que deixei de acompanhar novelas desde Paraíso Tropical,sou, por isso, uma figura out, totalmente por fora.
Mas ontem eu fui dormir mega-tarde. E o motivo? paixões retrô: fiquei assistindo Anos Dourados.
Para ser sincera, ontem foi um pouquinho mais gritante essa minha pisada retrô na vida: passou o primeiro episódio de Armação Ilimitada, coisa que nem quando eu tinha 10 anos eu assisti - e é bem por aí a série, meados dos anos 1980 eu acho... Sei que eu só assisti a partir dos meus 10 anos, quando eu podia, e nem sei por quê.
Neste tempo, Kadu Moliterno ainda tinha cabelos e André de Biase também...é, o tempo devora a beleza - e os cabelos, né?
Em seguida veio o quarto capítulo de Anos Dourados e eu não lembro de quase nada da história,a não ser de Marcos e Lourdinha, o casal protagonista, mas sei que eu gostava quando eu conseguia assistir - é, eu tinha horário para dormir e ainda estava cursando o Ensino Médio, que naquele tempo se chamava Segundo Grau. Daí que no outro dia esse era meu assunto com Kátia e Denise na escola.
O canal 37 da Sky,o Viva, que exibe estes e outros programas tem intenções claras de explorar o retrô - como se os remakes de filmes e de novelas também não fossem retrô, não é, gente?
Mas acho que eu sou apaixonada pelos anos 50, isso sim: as mulheres eram muito mais mulheres, apesar da repressão e do malvado contexto, mas aqui eu falo com relação à moda mesmo.
Ah, o figurino de Anos Dourados é impecável: as mulheres usam cintos ou vestidos que destacam a cintura, as saias têm volume, os cabelos são bonitos, tanto faz se curtos ou médios, os cabelos são bonitos. E não tem nada de brega, não: os laços são comedidos, as flores, discretas; os sapatos são fofíssimos, as bolsas, as luvas e todos os acessóriosa também são.
Observo os catálogos de moda do ano passado e deste ano: xadrezes, rendas, laços, correntes, enfim, tudo igualzinho e até as oncinhas e zebrinhas do animal print continuam.
Meu ficante falou, espantado, como aquelas odiáveis calças sarouel deixam a mulher feia e eu ,que reforço o coro dos insatisfeitos com isso, disse que esta moda M.C.Hammer é excelente para quem usa fraldas geriátricas.
Francamente, advirto aos meus amigos: Chamem a ambulância do hospício se um dia nesta vida me virem usar calça sarouel ou me virem de calça boyfriend (**takiupariu, gente fina! que p%rra é aquela?) , esmalte vermelho, esmalte marrom, unha com desenho ou unha francesinha, salto anabela, sandálias Croc (**takiupariu, meu irmão, quem inventou aquilo?), roupas em verde e amarelo na mesma composição, e, claro, se um dia eu usar Free, de O Boticário, aquele perfume horroroso e brega que cheira a desinfetante, chamem um exorcista, que o caso não é desse mundo!
Eu não uso anel porque eu não suporto, me dá uma baita agonia nos dedos ( daí porque eu também seja resistente a casar - tanto por não achar um louco capaz de tal aventura, tanto porque Deus me deu juízo), não tem a ver com esses meus conceitos, não.
Tem certas roupas que a gente olha e tem medo de que ela morda a gente, por isso é melhor ser básico a ser over. , embora o idela seja o fashion. Mas, cá entre nós, a moda vive do retrô e ser retrô já não é fora de moda.

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