Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 31 de maio de 2011

E por amar o Mário:


Da primeira vez em que me assassinaram

Da primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, de cada vez em que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...

E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela, amarelada...
Como o único bem que me ficou!

Vinde corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!

Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como ai,
A luz do morto não se apaga nunca.

(QUINTANA, Mário. Da primeira vez em que me mataram. IN: Nova Antologia Poética. 12 ed. São Paulo: Globo, 2007)

P.S.: E não é que minha vontade é postar "E por Mara amar o Mário"?

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