Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Weekend


O fim de semana foi bom, mas foi cansativo, no sentido de que a toda hora eu estava saindo.
Na sexta nós quatro (eu, Paty, Cléo e Dominique) saimos para dançar na The House, já à meia-noite.
Lá estava uma testosterona só, graças a Deus! Parece que soltaram todos os bonitões que esta cidade não tem e os puseram ali, na festa.
As meninas funcionam movidas a cerveja - e, como sempre olham para a minha cara de alien, pulando e me lascando de dançar, à base de água de coco. E aí, no segundo balde de cerveja (porque elas compram uns baldinhos cheios de longnecks), Cléo passou de baiana a oriental e, com aqueles olhinhos apertadinhos,descreveu um tortuoso caminho até o banheiro, de onde saiu com o vestido rasgado e uns olhos vermelhos, o que foi motivo para nossos comentários maldosos.
Cá entre nós: ela ficou tri-bêbada, sem coordenação motora e foi "chamar o Hugo" no vaso sanitário da boate, mas não admite. Daí que saiu o Dj e entrou uma banda de música brega sertaneja que tocou até Amado Batista ("No hospital, na sala de cirurgia..."), o que determinou nossa saída da festa imediatamente.
Lá vamos nós ao Jeca Total: os maconhistas e os maconheiros de sempre, às três da manhã; gente doida, mulheres de graça em busca de diversões sexuais; drogados em geral, que vieram do pó e buscavam pó para cheirar no banheiro; três ou quatro rapazes normais ortodoxos cristãos numa mesa do canto; fumaça, muita fumaça; e nada de comida.
Às três da manhã, sob uma chuvinha desanimadora, não havia comida no Bar.
Dominique e Paty, perplexas com o lugar, olhavam para Cléo e para mim, reclamando do ambiente - e a gente rindo da situação e das caras perplexas, do tipo: "O que é que eu estou fazendo aqui?".
Em zique-zague, caimos fora e arrastamos o carro ( arrastamos mesmo, bem devagarinho, a uns 30km por hora), até o Habib's, onde já às quatro da manhã poderíamos achar comida.
Achamos.
Comemos.
Cléo deu uns vexames, se desvencilhou da gente após o lanche, foi ao banheiro e voltou vinte quilos mais magra, porque chamou o "Hugo" e todos os trocadilhos e onomatopéias vomitórias que se possa ter.
Mas saiu na pose...trôpega, mas na pose.
Fui para minha casa e ainda consegui assistir Anos Dourados às quatro e meia da madruga, porque perdi o capítulo de sexta-feira à noite. Então dormi às cinco e meia e só acordei ao meio-dia e meia. E mal eu ligo os telefones, me vem a enxurrada de gente me perguntar sobre meu suco de cenoura e se eu tinha Engov em casa...
Meus livros me esperavam na sala, já em cima da mesa, mas aí Tella apareceu e aí blablabláblábláblábláblá a tarde inteira - e nem livros, nem almoço.
Saimos para o shopping numa noite de sábado véspera de Dia das mães - tudo cheio e Tella com disposição para paquerar o manobrista realmente tesudo que estava na área.
Não sei o que fizemos por lá, exatamente, a ponto de sairmos às 23h30min - acho que o tempo parou porque eu fiquei mumificada ante minha própria inconsequência em comprar os lindíssimos sapatos que eu desejava, mas que, com certeza, fizeram um rombo em minha conta, abalaram meu orçamento.
Pausa: andei fragilizada porque acho que meus sentimentos se deixam coagir pelos meus hormônios. Então liguei para Léo, que só estava esperando por isso para soltar os cachorros em mim, porque realmente eu andei pisando na bola. Aquele meu desespero de causa era obra dos meus hormônios - os mesmos que me fazem acordar beijando o travesseiro e sonhar com C. E esclareço: tenho um orgulho de dois metros e trinta e por isso não consigo colocar em pauta meus assuntos reais com C., nem ter um "cara-crachá" com ele. Léo, que não é tão bobo quanto foi, procurou ser evasivo, mas não perdeu a chance de me devolver os agravos que eu mesma fiz contra ele.
Tella, ao meu lado, com seus problemas com o crente-cafajeste de sempre. Deus salve os Adventistas!
Eu estava com fogo no espírito para sair para dançar de novo, apesar de ter bocejado desde que saí da cama. Mas o povo estava devagar e minhas amigas foram fazer D. R entre si e, depois, F.M.D.O. na casa de Paty.
Fugi, vim dormir e tive sossego até às 10 da manhã do domingo, quando eu lembrei que tinha que ir ao amoço da Família Buscapé, no Dia das Mães.
Aí foi aquela peregrinação: Jeguerina Master não fez a reserva na Cantina Aprille; fomos a outros três restaurantes e nada de vagas; fomos ao Feira VI e nada de alternativa. Por fim, almoçamos num rodízio de Posto de Gasolina na Cidade Nova.
À tarde, eu e mais duas amigas fomos ao Vanille Cafetière.
Os livros continuavam me esperando...aí, que dor na consciência!
Após mais de duas horas de bláblábláblábláblábláblá, voltei para minha casa - com a rua tomada de carros que saíam do estádio lotado e uns machistas gostosos que me gritavam gracinhas enquanto eu abria o portão de casa - ah, meus hormônios!
Abri meu livro, com fome mesmo, porque eu juro que adoro estudar.
Leio porque gosto e neste caso, então, vou dizer:esses volumes de Paul Ricouer eram meu desejo de consumo intelectual e estavam esgotados e indisponíveis para venda.
Ocorre que fizerem um box comemorativo, lindíssimo, com os três volumes de Tempo e Narrativa
, cujo conteúdo tem tudo a ver com a minha tese e eu, sinceramente, gosto da temática.
No volume I, onde eu estou, Ricouer começa a tratar do tempo no livro XI das Confissões de Santo Agostinho e através de um enredamento teórico fantástico com Aristóteles, elucida várias questões acerca da narrativa, do tempo e da narrativa histórica. O problema é que eu gosto de estudar, eu gosto desse livro, eu gosto do autor e é um prazer, antes de ser uma obrigação, ler a obra em todos os seus três volumes.
Mas meu final de semana é complicado de visitas e de amigas, que também sabem fazer chatagem emocional como ninguém, tipo essa, agora, que me impele a ir ao aeroporto daqui a duas horas, porque eu sei que ao deixar uma delas no aeroporto, a outra voltará trêmula de tanto chorar.
E eu bem me aproveito para não perder a cabeça com C., para não ceder nem aos hormônios, nem aos sentimentos, nem às tentações.
E este foi meu final de semana.

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