Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 10 de maio de 2011

Um caso de saudade


Há umas saudades que nos tomam de assalto. E hoje eu senti muitas saudades de Allan e de Campinas.
Acho que foi a mais gostosa sensação que eu tive nos últimos tempos tudo o que eu vivi ali.
Saudades do abraço, do corpo, da cumplicidade, da companhia, do encontro, do beijo, da cara dele que às vezes eu encontro em outras caras.
Às vezes eu mensuro a importância dos meus relacionamentos a partir da intensidade com que eu os vivo, a partir das coisas que eu vivencio, da forma como alguns deles se inscrevem em minha história...
Fiquei com a imagem dele em todas as noites em que a gente namorou no Taquaral e em especial com a cara sonolenta dele, ao acordar às três da manhã e ir me ver no hotel, na véspera de minha volta... e eu, toda racional, não cedi aos pedidos de ficar mais um dia; assim como antes não havia cedido a ir a uma festa com ele na UNICAMP, porque eu tinha acabado de conhecê-lo - daí a minha aceitação da máxima que diz que a gente se arrepende bem mais daquilo que não fez. Ah, que arrependimento!
Eu tinha passagem comprada para São Paulo no último dia 30/05,semana passada, mas não fui.
O caso agora é que estou com saudades de Campinas e de São Paulo - sentindo falta das caras que eu nunca mais vi e daquelas que eu ainda vou conhecer.
Anteontem eu estava vendo um documentário no Canal Brasil e reconheci na hora umas ruas de Campinas - e bateu saudades das cantinas, de Felipe, dos meus amigos temporários da UNICAMP, da soprano lírica da Livraria Cultura, tão gente fina, tão prestativa comigo, Bárbara; de Helen e das duas Alines, em nossas peregrinações no campus e no Iguatemi, nas conversas sobre os Beatles e sobre o show de Paul MCartney a que eu não iria, dali a poucos dias...deu saudades da própria estrada que separa São Paulo de Campinas - e dos chocolates quentes do aeroporto Viracopos,quando eu chego e quando eu vou embora.
Ah, um soneto, Pessoa. Ah, um outro soneto, Soneto da saudade:
Quando sentires a saudade retroar,
Fecha os teus olhos e verás o meu sorriso.
E ternamente te direi a sussurrar:
O nosso amor a cada dia está mais vivo!

Quem sabe ainda vibrará em teus ouvidos
Uma voz macia a recitar muitos poemas...
E a te expressar que este amor em nós ungido
Suportará toda distância sem problemas...

Quiçá, teus lábio sentirão um beijo leve
Como uma pluma a flutuar por sobre a neve,
Como uma gota de orvalho indo ao chão.

Lembrar-te-ás toda ternura que expressamos
Sempre que, juntos, a emoção que partilhamos
Nem a distância apaga a chama da paixão...


(Dizem que este soneto é obra e graça de Guimarães Rosa...)

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