Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Palavras, apenas


Eu estava tomando café, nesta manhã, quando ele ligou para mim - e eu, desatenta, pensando que era Tatiana, atendi sem nem olhar o identificador do celular, quando ele começou a falar meu nome inteiro, seguido de "vulgo, Mara?", com sotaque ABC paulista e tudo, esperando que eu soubesse quem estava falando comigo.
Ora, mas ao meu questinamento ("Quem é, por favor?!"), ele disse:
- "O cara em quem você deu um bolo!"
Ora, mas mesmos com os meus "mas..mas", falei logo o nome dele, toda sem jeito.
E conversamos muito, de uma maneira até que eu nem achava possível - é , não ponho fé na importância que os homens dão aos encontros, às mulheres - e foi excelente falar com ele, saber que ele ainda me espera.
Eu tinha viagem marcada, reserva em hotel, roteiro e tudo, uma semana atrás. Mas eu não fui.
Senti saudades de São Paulo e coincidentemente ele ligou para mim, vejam só, que incrível!
Eu respeito tanto as pessoas que me deixam feliz, a cada uma dessas pessoas que acrescentam uma expectativa ou um prazer à minha vida...
Assim fazemos cada capítulo de nossa vida, na cotidianidade, nos dissensos e consensos entre o ideal e o possível - e sobre o ideal e o possível vou aprendendo.
Aliás, esta é uma pauta tão importante, isso de ponderar entre o que queremos, o que idealizamos e o que podemos ter, efetivamente.
Mas houve um tempo em que eu não me contentei com menos do que aquilo que eu merecia. E tem sido assim até hoje, quando não quero "migalhas dormidas do teu pão, /raspas e restos..."
Por isso eu falo apavorada sobre paixão, algo muito superior às forças da gente - amarras que prendem e viciam. E talvez seja o momento de ver que ainda há receio e luto dentro de mim, e se não houvesse eu não citaria sempre o Ex-Grande Amor da Minha Vida, de modo a que eu não queira mais nenhum sentimento grande por ninguém.
Vi o amor como um problema e vi que a vida sem problemas desta ordem é bem mais calma - e sempre tenho fugido, admitidamente, das amarras e dos problemas.
Minha analista me disse, outro dia, que quanto ao apego não há repelente, porque você não percebe que já se apegou a não ser quando é tarde demais.
É que deixar a gaiola, as amarras e todo o resto me deixou com receio de me lascar de novo.
Quem ama se lasca! Não vou procurar palavras bonitinhas e comedidas para dizer isso.
Quando vi que seria assim com todas os homens que eu já citei aqui, seja declarando o nome, seja colocando as iniciais, resolvi que seria melhor o contato esporádico ou nenhum contato. E ponto final, que aliás, são reticências.
E se há uma emoção nova, se há um novo sol brilhando no meu dia, se há uma lisonja naquela conquista incrível que nem eu acredito ter sido capaz, levo tudo como pequenos adereços do meu ego, repetindo, infelizmente, o que já fizeram comigo. Mas sou cuidadosa, afetuosa e presente com meus contatos, não uso as pessoas e todas elas têm significado para mim.
E para ele, Cássia Eller que diga por mim, Palavras ao vento:

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras
Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momento
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento
Palavras apenas
Apenas palavras pequenas
Palavras...

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