Louquética

Incontinência verbal

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Grandes venenos em pequenos frascos


Passei a entender melhor aquelas pessoas que distribuem gratuitamente maldades e comentários depreciativos.
Compreender estas espécies de víboras não significa conceder perdão a ninguém, mas apenas observar o que move estas criaturas com ares de vilãs de novela da oito: a começar por aquelas víboras que já me picaram, percebi o velho histórico das concorrências afetivas com a família.
Num momento elas se sentem preteridas em relação aos outros irmãos, ou em relação à irmã mais bonita - esta, então, já privilegiada pela natureza. E abro aqui um parêntese: Como é possível, né, que da mesma carga genética, mesmo pai e mesma mãe, nasçam criaturas tão diferentes como os irmãos entre si? especialmente as mulheres...são diferenças estúpidas, na maioria das vezes, que vão de estatura à cor dos olhos, passando pelo formato do corpo e tipo de cabelo.
Consideremos aquelas pessoas que vivendo ou não estas questões citadas, passam a ser mães.
Uma vez mães, não conseguem ter autoridade sobre os filhos ou sentem que os filhos preferem ao pai, ou a um outro parente...
Destes tipos tratados, vejo o ponto em comum: elas se vingam na posteridade, na massa de amigos,conhecidos, funcionários ou quem quer que seja que esteja no caminho.
Observem a lógica: fazendo o mal a outrem ou tratando mal às pessoas, troca-se de lugar e, de quebra, a pessoa vai conseguir dizer ou fazer com esta outra pessoa tudo de mal que quis e não conseguiu fazer contra a irmã, o irmão, o filho...
Algumas pessoas têm ódio de encontrar paridades, odeiam quem se parece com elas e isso para mim já está resolvido: digamos que A e C têm muito em comum, indo de opiniões a situações vividas, afinidades culturais, crenças, etc.
Ver a si mesmo dentro de outra pessoa não estreita a afinidade, mas desperta o ódio, porque o espelho vai refletir os defeitos em comum, podendo também operar um ódio através da inveja das poucas diferenças entre A e C. Neste caso, se A julgar que C, em suas diferenças, é superior a si, a guerra está decretada.
Fiz vários percursos quando eu quis entender o ódio gratuito dela por mim e a forma que ela tem de prestar atenção à minha vida, mesmo eu há muito tempo fora do caminho dela, sem um e-mail, um telefonema, uma pergunta através de terceiros (e os terceiros são bem lentinhos para perceber que os laços sempre foram frouxos: ora era a necessidade de aceitação que ela tem, eternamente se fingindo de carente, se trancando para ser visitada, ora era minha cara de desconforto diante de tudo)...
O ódio dela foi gratuito, mas é que para dentro de si, se ela conseguisse me destruir destruiria o que odeia em si mesma, já que somos parecidas; ou, oxalá, conseguiria se vingar num outro Judas das coisas que supostamente perdeu.
No fundo nutro lá uma certa admiração por aquela lá: é das poucas pessoas que conseguem representar o tempo todo, sustentar a imagem da fragilidade, de uma personalidade cordata, da sensatez...talvez seja que aqueles intervalos em que a máscara fica em cima da pia, para que ela possa lavar o rosto, talvez seja num momento desses que um e outro e depois mais um esteja catando as pistas e desconfiando que ela não existe, é uma representaçãozinha que certamente vai se sustentar por um menor tempo do que eu supunha.
Em qualquer ruptura fica claro que os amigos se posicionam para um julgamento e tomam partido, sim, antevendo quem é o certo e quem é o errado. E assim foi que, estando na mesma situação, a minha outra amiga se limitoou a ficar calada. Quem escutaria seus argumentos se eles se contrapusessem a quem conseguiu firmar a imagem do Bem?
E hoje, depois de tanto tempo, eu falo nela, alguém que praticamente não existe e quando existiu como inimiga, era, para mim, de uma invisibilidade assustadora...já nem sei por que pensei nela, mas parece que foi porque ela ainda me persegue,porque ousa perguntar por mim, porque ainda quer transformar meus amigos em seus melhores amigos, porque ainda se ocupa em tentar se apropriar de coisas minhas ou apenas ter o gosto de me expropriar, como se eu não tivesse direito ao que conquistei, ou como se minhas conquistas subtraíssem do patrimônio simbólico dela.
Juro, ainda me sinto idiota por ter gostado dela, por ter torcido por ela, por ter agido como amiga e por ter demorado a ver que ela não entende nada nem de amizade, nem de amor: é só uma pessoa egoísta que quer ser amada e atendida sempre.
Eis o tipo de pessoa para quem minha felicidade é ofensa e, que quando feliz, eu jamais quero que ela saiba - acho que ela faria um falso testemunho, que jogaria com as mais baixas armas contra mim...e eu que já tive piedade da víbora, hein? acho que é uma pessoa tão má que do ódio eu passo à pena, porque é inacreditável.
Em meu livro Todas as mulheres se chamam Maria,acho que acabei trazendo elementos da personalidade dela para a composição de uma das minhas personagens.
Ah, sim, o livro...
Parece que ela vai me picar em breve. Mas é bom saber que eu também tenho veneno, muito veneno para me defender.

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