Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 1 de março de 2011

Faça minhas as suas palavras!


Qualquer escrito, de qualquer época, de qualquer origem, ganha uma universalidade quando consegue se comunicar com o leitor de modo a instaurar ligações, identificações - é assim que eu vejo o poema abaixo, tão meu, tão para mim, tão para muitas mulheres, tão desafiador da autoria, porque pertence a quem o compôs, mas pertence muito mais a quem dele se vale para dizer de si mesma (o).

A minha amante, de Judith Teixeira.

Dizem que eu tenho amores contigo!
Deixa-os dizer!...
Eles sabem lá o que há de sublime,
nos meus sonhos de prazer...
De madrugada, logo ao despertar,
há quem me tenha ouvido gritar
pelo teu nome...
Dizem - e eu não protesto -
que seja qual for
o meu aspecto
tu estás
na minha fisionomia
e no meu gesto!
Dizem que eu me embriago toda em cores
para te esquecer...
E que de noite pelos corredores
quando vou passando para te ir buscar,
levo risos de louca, no olhar!
Não entendem dos meus amores contigo -
não entendem deste luar de beijos...
- Há quem lhe chame tara perversa,
dum ser destrambelhado e sensual!
Chamam-te o gênio do mal -
o meu castigo...
E eu em sombras alheio-me dispersa...
E ninguém sabe que é de ti que eu vivo ...
Que és tu que doiras ainda
o meu castelo em ruína...
Que fazes da hora má, a hora linda
dos meus sonhos voluptuosos -
Não faltes aos meus apelos dolorosos...
- Adormenta esta dor que me domina!

Nenhum comentário:

Postar um comentário